domingo, 26 de maio de 2013



SAÚDE E DOENÇA


Desde o nascimento com vida saudável, dados históricos demonstram que poucas foram as enfermidades e doenças vivenciadas, consta ter passado por infecções de garganta, ouvido, inclusive esta provocada pelas peripécias de criança, que se deu da seguinte forma: Meus familiares sempre foram agricultores, na minha infância o escoamento de produção de cereais, tipo feijão e milho, na maioria demorava de ocorrer, pelas dificuldades de estradas péssimas, compradores aventureiros, intermediários de má-fé, os produtores preferiam armazenar em depósito,  a granel, que muitas das vezes, abarrotavam até quase o teto, que nos facultava utilizar de paredes para executarmos pulos, e, foi numa dessas que o caroço de feijão alojou dentro do meu ouvido, chorava de dor, também podera, corpo estranho alojado dentro de um essencial órgão vital.
A notícia correu, meu pai tomou conhecimento e providenciou levar-me ao médico, que de uma forma simplória, mandando tapar o outro ouvido, colocar dois dedos fechando os orifícios do nariz, encher os pulmões de ar e pressionar, não é que o caroço saiu, porem, me deixou marcas, levando a receber o apelido de “Caroço”.
Outra enfermidade que me deixou marca, foi no tempo em que meu pai na luta pela sobrevivência começou a matar gado e vender no varejo em feira pública. Tinha mais ou menos três anos, acompanhava curiosamente os serviços de magarefe, desde o curral, abate, esfolamento (tirar o couro), esquartejamento e salgamento da carne para virar a famosa e muito procurada “ carne de sol”, ora, criança é muito curiosa, não fugia a regra, observava todos os detalhes, inclusive o de afiamento dos instrumentos utilizados, para marcar, peguei uma faca daquelas usadas pelos açougueiros, que havia deixado negligentemente em local fácil, apoderei de uma e fui direto para a pedra de amolar, não sabia distinguir o que era, o corte e costa da faca, peguei e comecei a executar os mesmos movimentos dos profissionais, só que com uma particularidade, com mais pressão, isso demorou um tempo suficiente a cortar o dedo maior de todos em sua totalidade, na junta e ofender aos vizinhos, só não concretizando porque descobriram a quantidade de sangue que se alastrou por todo o local, o que era interessante não chorava, esta estripulia me deixou aleijado de um dedo.

Outro incidente se deu quando tinha  mais ou menos cinco anos, meu tio João Oliveira, nosso vizinho, possuía uma “venda”, pequeno comércio, bom de conversa e como gostava das histórias, vez por outra lá estava corujando, minha tia Jaci, que também é prima, pois é filha de uma irmã de meu pai, entrou sorridente e muito gentilmente anunciou que estava concluindo o feitio de um doce de leite e depois traria um café para todos, ora, menino é cheio de curiosidade, acompanhei-a até a cozinha num jeito pidão e interessado em receber alguma coisa, no mínimo, raspar o tacho onde estava sendo feito o doce, minha tia, percebeu e me fez uma oferta: Rubinho, vai ali no quintal pegue uns gravetos de lenha, depois lhe dou o tacho pra você raspar, era tudo o que queria, fui num pé lá e outro cá, trouxe um pequeno fardo de lenha e ao retornar não mais encontrei a minha tia na cozinha,observei que o tacho já estava fora do fogo, a fertilidade mental de criança curiosa, imaginou já ter concluído o doce e que o mesmo já se encontrava à minha disposição, pequeno de estatura, levantei os dois braços e segurei as bordas do tacho, tentando colocar no chão, não é que tudo estava esfriando no tacho, nem tempo tive de imaginar, recebi uma concha pela cara, queimando o queixo e se espalhou pela região peitoral, sair de mansinho, saltei duas janelas e fui me deitar no meu quarto. Minha tia Jaci ao retornar de ter ido levar o café prometido, pasma, saiu a me procurar, minha mãe, costurava na sala e quando abordada não sabia dar notícia a meu respeito, achava que se encontrava brincando pelo quintal, lá do quarto ouvia silenciosamente, receoso pelo que tinha feito e com medo de apanhar. Minha mãe largou o que estava fazendo e saiu a minha procura, só identificando onde me encontrava ao adentrar o quarto e deparar com o quadro estendido sobre a cama, lençol cobrindo da cabeça aos pés, os olhos a tempo de saltarem, de tanto remorso e medo,  silenciosamente gemia, meu corpo estava cheio de bolhas pela queimadura, isso me deixou uma marca na altura do tórax e que levo até o último dia de minha vida.
Minha infância e adolescência foi muito saudável, nem gripe não tinha, tive coisas de criança, como: sarampo, catapora... etc. praticava esportes, futebol, por exemplo, fazia com bola de bexiga de boi, meia, plástico, etc,. corria, andava a pé muito, praticava acrobacias em armações inventadas como picadeiro, equilibrava pelo calcanhar, isso tudo no quintal de ALBERTO, com a participação de Carlinhos, Otávio, Wilson Doca, Dário de Samuel, Jailton e Rato da Rua do Sabugo, tempo bom e inesquecível.
A busca pelo conhecimento me fez deslocar para outros lugares, o primeiro foi Irecê, fazer o lº ano ginasial, lá fiquei morando em uma república e depois fui morar na casa de Rosinha de Joaquim Menezes, prima, filha de Tio Zeca Mó e Joaquina, irmã de meu pai. De Irecê fui para Campo Formoso, estudar no Ginásio Augusto Galvão, lá concluindo o ginasial , não tive nenhuma enfermidade, só pintava uma gripe de vez em quando, achava comum, não era só eu, as vezes uma epidemia, que atingia toda a comunidade.
Naquela época, concluir o ginásio, era uma grande conquista, famílias vinham muitas vezes de longe, para presenciar este  feito, lembro-me que meu pai comprou o primeiro terno pra mim, um azulão que muito me chocava, nem foto deixei tirar, achava aquilo um espanto, nunca falei para meus pais isso, fizeram sacrifício, mandaram para uma alfaiataria fazer no capricho, que belo ato dele, suportei travado, as vezes temos que aceitar a contra gosto, presentes, foi o sentimento dele, tive que "engolir", um eterno agradecimento por tudo que fazia pra mim, sentia ser " o orgulho " maior de sua vida, levo esse sentimento de coração e farei o possível para corresponder e até transmitir aos meus descendentes.
Mas, meus caros leitores, não compareceu ninguém de minha família nesse evento, senti muito, mas, compreendi os motivos.
O caminho seguinte, seria buscar o conhecimento em instituição de segundo grau, colegas de melhor poder aquisitivo já tinham destino certo, eu teria que me movimentar e conquistar, já pensava nessa época, em ser um profissional de conhecimentos jurídicos, mas, tive de desviar esse objetivo e buscar a agropecuária, assunto que não tinha aptidões, nem sempre se consegue o que pretendemos, partir para muito longe de meus familiares, a Capital Federal, recentemente fundada pelo Presidente Juscelino, fui parar na Cidade Satélite de Planaltina, Colégio de Aplicação ou Colégio Agrícola de Brasília, lá passei mais de três anos, muito pouco voltava à minha terra natal, " CANALZINHO DE AÇÚCAR ", hoje, Cidade de JOÃO DOURADO, homenagem ao meu bisavô, responsável pela formação daquela comunidade, era comerciante, " tropeiro ", entre JACOBINA e MACAUBAS, e, minha terra, era um ponto de parada, para descanso, dar água aos animais, depois seguía viagem.
Vamos seguir com os meus caminhos a percorrer, neste período não tive enfermidades, salvo aquelas de rotina, por situações climáticas ou sazonais.
Em 1969 retornei a minha terra, ansioso em conseguir algum trabalho que pudesse me manter e suportar despesas na preparação para o Vestibular, o bicho papão lá não tinha nenhuma perspectiva, tinha que me movimentar e tive o apoio do primo Reverendo Celso que era capelão do Colégio 2 de julho em Salvador, me ofereceu trabalho de " bedel ", encarregado de disciplina para os então internos, abracei o desafio e fui, porem, meu foco era estudar para o vestibular, mas, as chances era menores para quem tinha estudado no interior ou em cursos técnicos, era o meu caso, em todo esse tempo não tive enfermidades, saúde de ferro, assim julgavam. Entrei no IPEMBA, hoje IBAMETRO em agosto de 1970, porem, só assinei contrato pelo regime CLT em 11.04.1971, comigo nada de enfermidade, porem, em 20.05.1971 recebi a notícia em trabalho, da morte de meu querido, com apenas 1 mês e 9 dias de contrato, foi muito duro pra mim, mas tinha que enfrentar os problemas da vida, meu pai não teve a alegria de me vê formado em Engenharia, mas, sabia que havia passado no vestibular em janeiro deste mesmo ano. A vida continua e não posso navegar contra a maré da vida. Durante todos esses anos, na área de saúde fui um gigante, prêmio de meu Deus. Os anos se passaram, perdi um irmão e também a minha guerreira mãe, nenhum desses incidentes me afastou  do foco de minha vida, tenho e sempre haverei de ter, muita fé em Deus e com ele, vencerei qualquer obstáculo. O tempo é cruel, passa, nos envelhecemos, aliás, nos tornemos mais experientes com as coisas do mundo. Sempre pratiquei esportes, talvez por isso não era sujeito a doenças, mas, tudo evolui e a juventude muitas vezes não vislumbra o amanhã, seja pessoal ou coletivo, não fugi à regra, achava que minha saúde era de ferro, praticava excessos nas alimentações, ora, quase sempre nos finais de semana o churrasco era prato certo, as carnes brilhavam na gordura, calabresa... que vinha todas, não descriminava tipo, uma farofinha com cebola, me incentivava continuar, já deve estar desconfiando que pensava  esquecer da geladinha, que nada, não tinha limite pra parar, meu carro já estava adestrado a percorrer o caminho de casa, acho que guiado por DEUS, dou graças por tudo na minha vida, abusei das coisas do mundo, negligenciei e teimei com os médicos de que não era e nunca aceitava ser " hipertenso ", brincava ser o síndrome do jaleco branco, e o pior aceitavam minha explicação. Ninguém é eterno ou de ferro, somos seres humanos sujeitos às intempéries diárias, somos uma máquina humana sujeito ao desgaste, cujo problema pode acontecer a qualquer momento.
Sou metódico em meus objetivos, as vezes tornam em teimosia, insistência, obsessão, o resultado muitas vezes são cruéis, isto aconteceu comigo, lamentar agora já não corrige o erro cometido, vou lhes contar detalhadamente o ocorrido: Caminhava todos os dias pela manhã na orla de Salvador, algumas vezes sentia uma leve tontura, mas, logo passava, olhe me pergunte: Porque não procurava um médico pra se queixar? Ora, pura teimosia, o pior, não comentava com os familiares, tá curioso... e aí o que aconteceu? Ah!  Caro leitor... veja: Certa noite estava assistindo televisão na sala, tráfego nervoso nas vias periféricas, buzinas intensas, guerra estressada dos condutores, de repente um freagem brusca de carros, levantei bruscamente pra ver a miséria dos outros, olha... minha esposa estava ao meu lado, só levantando depois do susto que sentiu com o meu movimento estranho e sem controle, que demorou... segundos, muito preocupada, perguntou: O que aconteceu? Respondi: Uma coisa estranha aconteceu  comigo, não sei nem lhe explicar.

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