domingo, 26 de maio de 2013




MEU PRIMEIRO CONTATO COM A FAMÍLIA DE MINHA ESPOSA

Tinham uma grande confiança nela, achavam que não mentia, nem se utilizava de treitas ou manobras, o certo é que, ao se falar em ir para alguma lugar, o ponto de referência, dizia os pais, “ se for acompanhada de Janinha, deixo “, vejam como as coisas estavam dando certo, ela sem modéstia de minha parte, parece ter arriado todos os pneus  por mim, também era um galã naquela época, dificilmente teria outro naquela situação que podesse fisga-la, então, muito do convencido, aliado às experiências de vida, não deixava perder as oportunidades de satisfazê-la, mas, nem tudo ocorre em segredo, os pais delas muito de desconfiados, notou uma movimentação diferente para atender-me no portão, e, a Janinha sincera, sua característica, falou para sua mãe, que estava gostando de um rapaz e que este
 estava no portão, e para sua surpresa armaram uma recepção, como sempre, sou disciplinado e muito consciente do que faço, onde fazia cumprir um ritual de visitas restritas às Quartas, Sextas, Sábados e Domingos, e que o horário não poderia ultrapassar as 22h, atitude que teve influência nos demais rapazes que namoravam com outras irmãs, passando a acolher tal determinação, que muito agradou aos pais dela, vez que, o dia seguinte normalmente era “ dia de branco e/ou de trabalho”, olha aí, conseguindo a confiança dos pais dela, era uma estratégia de um cara bem vivido.

A surpresa teve que chegar e de uma forma inesperada, cheguei em um dia, daqueles de rotina, encostei o fusquinha amarelo, acionei Mana, que fez uma ligação, quem atendeu foi a Renata e que respondeu sem rodeios: “ Podem entrar “, confesso que tremi nas bases, entrei, ao chegar na sala, relativamente grande, bem arrumada, sofá circulando por toda ela, um centro grande, cheios de revistas e jornais, o ambiente parecia devidamente preparado para aquele evento, sentei de costas para o lado da rua, desconfiado, tremendo, tratei de pegar parte do jornal, que azar, os classificados, nada daquilo me interessava, o momento era mesmo delicado, os cabelos arrepiavam, a rigidez nos nervos me imobilizavam, pensava no que falar e o que falar, estava numa praia estranha, porem, tinha que enfrentar, de repente entrou uma senhora, loira,  muito bem vestida, esteticamente perfeita, olhos graúdos e boa na fluência  na lingüística portuguesa, segura no estava ali fazendo, fiz logo minha dedução, “deve ser a mãe dela” e “ de uma ´árvore dessa só pode ter produzido bons frutos”, nestes incluía a minha pretendida, em seguida entrou um senhor, bigode preto e cheio, franzino, usava uns óculos, que lhes dava uma fisionomia de carrancudo, poucas palavras, mas, utilizadas no momento adequado, como se tudo estivesse devidamente orquestrado , a mãe dela, com a sua psicologia, notou que tinha ficado meio nervoso, fez algumas brincadeiras, facilitando o meu relaxamento, cheguei a dar um sorriso meio forçado, sem graça nenhuma em momento normal, mas, a Teresinha, começou a fazer algumas perguntas, tipo: Origem, Formação, Vida Profissional e as minhas Pretensões futuras. Respondi a todas sem muito rodeios.
A Janinha sentou-se ao meu lado, como se dispondo a dar uma força e deu, as energias foram renovadas e me senti revigorado para demais questionamentos, mas, ficaram por alguns instantes sem pronunciarem nada, me deixou desconcertado, lancei mão em outro jornal, que droga, era o complemento do caderno de classificados, acho que naquela altura nada me interessava, utilizava do jornal como disfarce, escondia o meu rosto do foco de olhar de todos os demais presentes, vez por outra, baixava disfarçadamente o jornal e parecia que todos estavam mesmo vislumbrando a minha pessoa. Trouxeram um pudim, não me lembro de que foi, o nervoso me tirava do sério, serviram água, oh!, que alívio, depois, passaram a fazer apresentação dos filhos, ali é a Rosi, seu namorado Júlio, Oficial do Exército, a Riso e seu namorado Nereu, estes veteranos na casa, gozavam de intimidade, o Roberto, filho mais velho com a Eunice, Renata, Rosana, Rosângela, Merinha, lembrando ter um mais novo, que tomou o nome do pai o Júnior e não estava ali, daqueles mencionados, tinha receio e medo do Roberto, Tenente do Exército, imagem carrancuda e moralizadora, igual ao que tinha do Seu Pereira. O caçula trabalhava no BANORTE, não fedia nem cheirava, levava sua vida rotineira e usufruía as vantagens de um jovem socialmente bem relacionado e portador de uma fisionomia elegante, invejável pela juventude à época (o meu filho se parece demais em muito com ele).

Detalhei minha família, moravam em Irecê/BA, não tinha mais pai, era agricultor e pecuarista, morreu por uma picada de cobra (cascavel), e decorria apenas três anos de seu falecimento, adorava meu, pai, com quem confidenciava todos os meus sonhos, depois, comecei a citar os nomes dos irmãos: Floraci (Flora), Eu, Robervaldo (Vadinho), Florilda (Lidinha), Sinézio, ( Neto) Renério, Florizi (Nenga), Rubenilton (Nito), Robson, Reinilton, Ana Lúcia (Lulu) e Adonias João (Joãozinho), tanto nome que pareciam se perder, a Teresinha indagou: Quantos homens e mulheres? Respondi: oito homens e quatro mulheres, continuou a indagar: Quantos menores?, sete, Quanto tempo pretende ficar aqui? Pretendia até morar aqui, acho legal aqui, mas, por força de meu trabalho tenho que voltar pra  Salvador, sede do meu trabalho, em janeiro, deixando aqui em Recife meus irmãos Sinézio Neto e  Florizi, que os trouxe para estudarem e trabalhar, se não fosse possível manter em apartamento alugado, iriam morar na cidade do Cabo. Que pretendia agilizar noivado e casamento, vez que, toda a família estava na pretensão de irem morar em São Paulo e aí tornaria impraticável a continuidade de namoro, iríamos morar em Salvador, onde já possuía uma casa no bairro de São Cristóvão, próximo de Itapuã, alguém presente se pronunciou: “ já ouvi falar de Itapuã, numa música de Dorival Caymi”, é verdade, bela praia, cheias de coqueiros e de uma famosa lagoa, a Lagoa do Abaeté, motivo de uma descontração e animada conversa, cheias de brincadeiras.
 O noivado não podia demorar, e o fiz do meu feitio, sem que a Janinha desconfiasse, mandei buscar minha mãe, que se fez acompanhada de Nenga, Lidinha, Vaguinho e Derly, botei uma champanhe super legada dentro do fusquinha, enrolei em jornal para manter gelada, só meus convidados sabiam o que iria acontecer, a Janinha já estava preocupada, até chegou a desconfiar que aquilo seria um prenúncio de término em nosso relacionamento, ora, ledo engano, sou de fazer surpresas inesperadas e tudo aconteceu sem pompas de tantos outras cerimônias de pedido de noivado.



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