MEU PRIMEIRO CONTATO COM A
FAMÍLIA DE MINHA ESPOSA
Tinham uma grande confiança nela,
achavam que não mentia, nem se utilizava de treitas ou manobras, o certo é que,
ao se falar em ir para alguma lugar, o ponto de referência, dizia os pais, “ se
for acompanhada de Janinha, deixo “, vejam como as coisas estavam dando certo,
ela sem modéstia de minha parte, parece ter arriado todos os pneus por mim, também era um galã naquela época,
dificilmente teria outro naquela situação que podesse fisga-la, então, muito do
convencido, aliado às experiências de vida, não deixava perder as oportunidades
de satisfazê-la, mas, nem tudo ocorre em segredo, os pais delas muito de
desconfiados, notou uma movimentação diferente para atender-me no portão, e, a
Janinha sincera, sua característica, falou para sua mãe, que estava gostando de
um rapaz e que este
estava no portão, e para sua surpresa armaram
uma recepção, como sempre, sou disciplinado e muito consciente do que faço,
onde fazia cumprir um ritual de visitas restritas às Quartas, Sextas, Sábados e
Domingos, e que o horário não poderia ultrapassar as 22h, atitude que teve
influência nos demais rapazes que namoravam com outras irmãs, passando a
acolher tal determinação, que muito agradou aos pais dela, vez que, o dia
seguinte normalmente era “ dia de branco e/ou de trabalho”, olha aí,
conseguindo a confiança dos pais dela, era uma estratégia de um cara bem
vivido.
A surpresa teve que chegar e de
uma forma inesperada, cheguei em um dia, daqueles de rotina, encostei o
fusquinha amarelo, acionei Mana, que fez uma ligação, quem atendeu foi a Renata
e que respondeu sem rodeios: “ Podem entrar “, confesso que tremi nas bases,
entrei, ao chegar na sala, relativamente grande, bem arrumada, sofá circulando
por toda ela, um centro grande, cheios de revistas e jornais, o ambiente parecia
devidamente preparado para aquele evento, sentei de costas para o lado da rua,
desconfiado, tremendo, tratei de pegar parte do jornal, que azar, os
classificados, nada daquilo me interessava, o momento era mesmo delicado, os
cabelos arrepiavam, a rigidez nos nervos me imobilizavam, pensava no que falar
e o que falar, estava numa praia estranha, porem, tinha que enfrentar, de
repente entrou uma senhora, loira, muito
bem vestida, esteticamente perfeita, olhos graúdos e boa na fluência na lingüística portuguesa, segura no estava
ali fazendo, fiz logo minha dedução, “deve ser a mãe dela” e “ de uma ´árvore
dessa só pode ter produzido bons frutos”, nestes incluía a minha pretendida, em
seguida entrou um senhor, bigode preto e cheio, franzino, usava uns óculos, que
lhes dava uma fisionomia de carrancudo, poucas palavras, mas, utilizadas no
momento adequado, como se tudo estivesse devidamente orquestrado , a mãe dela,
com a sua psicologia, notou que tinha ficado meio nervoso, fez algumas
brincadeiras, facilitando o meu relaxamento, cheguei a dar um sorriso meio
forçado, sem graça nenhuma em momento normal, mas, a Teresinha, começou a fazer
algumas perguntas, tipo: Origem, Formação, Vida Profissional e as minhas
Pretensões futuras. Respondi a todas sem muito rodeios.
A Janinha sentou-se ao meu lado,
como se dispondo a dar uma força e deu, as energias foram renovadas e me senti
revigorado para demais questionamentos, mas, ficaram por alguns instantes sem
pronunciarem nada, me deixou desconcertado, lancei mão em outro jornal, que
droga, era o complemento do caderno de classificados, acho que naquela altura
nada me interessava, utilizava do jornal como disfarce, escondia o meu rosto do
foco de olhar de todos os demais presentes, vez por outra, baixava disfarçadamente
o jornal e parecia que todos estavam mesmo vislumbrando a minha pessoa.
Trouxeram um pudim, não me lembro de que foi, o nervoso me tirava do sério,
serviram água, oh!, que alívio, depois, passaram a fazer apresentação dos
filhos, ali é a Rosi, seu namorado Júlio, Oficial do Exército, a Riso e seu
namorado Nereu, estes veteranos na casa, gozavam de intimidade, o Roberto,
filho mais velho com a Eunice, Renata, Rosana, Rosângela, Merinha, lembrando
ter um mais novo, que tomou o nome do pai o Júnior e não estava ali, daqueles
mencionados, tinha receio e medo do Roberto, Tenente do Exército, imagem
carrancuda e moralizadora, igual ao que tinha do Seu Pereira. O caçula
trabalhava no BANORTE, não fedia nem cheirava, levava sua vida rotineira e
usufruía as vantagens de um jovem socialmente bem relacionado e portador de uma
fisionomia elegante, invejável pela juventude à época (o meu filho se parece
demais em muito com ele).
Detalhei minha família, moravam
em Irecê/BA, não tinha mais pai, era agricultor e pecuarista, morreu por uma
picada de cobra (cascavel), e decorria apenas três anos de seu falecimento,
adorava meu, pai, com quem confidenciava todos os meus sonhos, depois, comecei
a citar os nomes dos irmãos: Floraci (Flora), Eu, Robervaldo (Vadinho), Florilda
(Lidinha), Sinézio, ( Neto) Renério, Florizi (Nenga), Rubenilton (Nito),
Robson, Reinilton, Ana Lúcia (Lulu) e Adonias João (Joãozinho), tanto nome que
pareciam se perder, a Teresinha indagou: Quantos homens e mulheres? Respondi:
oito homens e quatro mulheres, continuou a indagar: Quantos menores?, sete,
Quanto tempo pretende ficar aqui? Pretendia até morar aqui, acho legal aqui,
mas, por força de meu trabalho tenho que voltar pra Salvador, sede do meu trabalho, em janeiro,
deixando aqui em Recife meus irmãos Sinézio Neto e Florizi, que os trouxe para estudarem e
trabalhar, se não fosse possível manter em apartamento alugado, iriam morar na
cidade do Cabo. Que pretendia agilizar noivado e casamento, vez que, toda a
família estava na pretensão de irem morar em São Paulo e aí tornaria
impraticável a continuidade de namoro, iríamos morar em Salvador, onde já
possuía uma casa no bairro de São Cristóvão, próximo de Itapuã, alguém presente
se pronunciou: “ já ouvi falar de Itapuã, numa música de Dorival Caymi”, é
verdade, bela praia, cheias de coqueiros e de uma famosa lagoa, a Lagoa do
Abaeté, motivo de uma descontração e animada conversa, cheias de brincadeiras.
O noivado não podia demorar, e o fiz do meu
feitio, sem que a Janinha desconfiasse, mandei buscar minha mãe, que se fez
acompanhada de Nenga, Lidinha, Vaguinho e Derly, botei uma champanhe super
legada dentro do fusquinha, enrolei em jornal para manter gelada, só meus
convidados sabiam o que iria acontecer, a Janinha já estava preocupada, até
chegou a desconfiar que aquilo seria um prenúncio de término em nosso
relacionamento, ora, ledo engano, sou de fazer surpresas inesperadas e tudo
aconteceu sem pompas de tantos outras cerimônias de pedido de noivado.
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