segunda-feira, 29 de abril de 2013


ORIGEM DA FAMÍLIA DOURADO




Pouco se tem guardado da grande história desta família “DOURADO”, que tanta contribuição deu e dar para o progresso da região. São pessoas simples, mas, determinadas em suas atitudes, originárias de nossos antepassados, marcantes nas idéias futuristas, muito focadas na prole futura.
Tudo se encontra nos registros e historias relatada pelos mais antigos, que nossos primórdios demandam do Século XIX, quando a família real chegou ao Brasil, devido à invasão de Portugal por Napoleão.  Era rei D. João VI, que, ao retornar a Portugal, deixou como Príncipe Regente, seu filho D.Pedro. Neste período, passou a ser feita  concessão de terras brasileiras a estrangeiros, abrindo-se a imigração.
Em Jacobina, vivia uma mameluca, cujo nome consta como, JOANA DA SILVA LEMOS, filha de pai português, proprietária da exploração mineral naquela cidade, respeitada por todos e dona de muitas terras. Parte da estrada colonial, por atravessar suas propriedades, ficou conhecida como “Travessia de D. Joana”. Casou-se com o português MATEUS NUNES DOURADO, nascendo deste matrimônio, JOSÉ DA SILVA DOURADO. A genealogia da família evoluiu. Anos depois um neto do casal, JOÃO JOSÉ DA SILVA DOURADO, adquiriu dos herdeiros do Conde da Ponte a Fazenda Lagoa Grande, pelo qual pagou um conto e duzentos réis. Para obter esta quantia fora necessária a venda de 1.200 cabeças de bois, uma carga de burros carregada de prata e outra de ouro. Para legalização da escritura foram vendidos sessenta bois. João José saiu de Macaúbas montado no lombo de burro, local onde lavrou a escritura e rumou para Jacobina, onde acharia efetuar o devido registro em cartório  de imóveis, lá chegando obteve informação da existência do referido cartório em Riachão de Utinga, onde efetuou o registro, constando na escritura a área comprada de vinte léguas quadradas, limitando-se com o Rio Vereda, Serra Azul, Travessia de D. Joana e o Rio Verde. Foi dado nome à Fazenda de AMÉRICA DOURADA, numa homenagem ao seu sobrenome e ao continente, espirituosamente dizia ter descoberto a América.
Grande foi a expansão dos descendentes de JOÃO JOSE DA SILVA DOURADO, pelo Brasil afora. Há um número cada vez maior espalhado, principalmente, por São Paulo, Goiás e Brasília. Muitos deles se destacaram na política, no comércio, nas artes, na literatura, nas profissões liberais, no magistério, na magistratura, na carreira limitar, na liderança religiosa, numa palavra, em todos os setores da vida social – pode-se afirmar sem exageros – que será demonstrado em capítulo próprio em “ Destaques da Família Dourado”.
Em 1878, na Fazenda São João, no Município de Macaúbas, hoje PARAMIRIM, foi realizada a cerimônia de casamento entre o então Coronel JOÃO DOURADO, meu bisavô e GERALDINA BRANDELINA DA SILVA DOURADO, ela, filha de um tio e padrinho do noivo, homem muito rico na região, BENTO DA SILVA DOURADO e D. MARIA CARDOSO PEREIRA. Ele, primeiro filho de JOÃO DA SILVA DOURADO e D. CAROLINA CARDOSO PEREIRA e pai de quatorze filhos:
-          IDALINA DA SILVA DOURADO, primeira filha, casou-se com LINDOLFO CARDOSO DOURADO e teve quinze filhos: ONÉLIA, HENDERLAITH, AUGUSTO, EDITE, WILSON, CEFAS, ERMELINA, JOÃO, ROSALVO, FRANCISCO e VILSON;
-          MARIA ROSA DA SILVA DOURADO, segunda filha , casou-se com ANTÔNIO NUNES DOURADO e teve dez filhos: Teonília, Daniel, Antônio Filho, Deraldina, Belarmina, Antônia, Ana, Idalina, Geraldina e Adolfo.
-          DAMIANA DA SILVA DOURADO, em homenagem à primeira professora Damiana, vinda de Ponte Nova, terceira filha, casou-se com ANTÔNIO NUNES DOURADO e teve seis filhos: Celsina, João, Olavo, Adailton, Carlos Aroldo e Ildemar;
-           SINÉZIO DA SILVA DOURADO, quarto filho, casou-se com ANA OLIVEIRA DOURADO e teve onze filhos: Moisés, João, Helenita,  Janira, Jamim, Florizi, Valdenir, Noemi, Geraldina, Isabel e Evani;
-          ADOLFO DA SILVA DOURADO, quinto filho, casou-se com MARIA LOULA DOURADO e teve doze filhos: Áurea, Adomária, Quenas, Vanderlei, Nilton, Jaci, Geni, Elizabete, Maria Rosa, Celso, Gildésio e Araci;
-          ANA GERALDINA SILVA DOURADO, sexto filho, casou-se com JOAQUIM AUGUSTO DE CASTRO DOURADO, teve sete filhos: Filadelfo, (foi pra São Paulo), Alberto, Enéias, Altino, Benjamim, Isaque e Matatias;
-          CAROLINA DA SILVA DOURADO, sétimo filho, casou-se com PEDRO PEREIRA DA SILVA e teve apenas um filho, Elias;
-          RENÉRIO DA SILVA DOURADO, oitavo filho. Casou-se com ANA FLORA DE CASTRO DOURADO e teve oito filhos: Isaías, Augusto Sobrinho, Adonias, Carolina, Hilda, Idália, Ana Joaquina e Silas;
-          ANTÔNIA DA SILVA DOURADO, nono filho, casou-se com JOSÈ COSTA DOURADO FILHO e teve seis filhos: Celina, Florentina, Durval, Antônio, Amélia e Geraldina;
-          JOÃO DA SILVA DOURADO FILHO, décimo filho, casou-se com BELARMINA SEIXAS DOURADO e teve seis filhos: Adauto,Clodoaldo, Gessy, Maria Amélia, Adélia e Eunice;
-          ELIZABETE DA SILVA DOURADO, décimo primeiro filho, casou-se com JOSUÉ LOULA SOBRINHO e teve seis filhos: Adjaci, Avoni, Agaci, Adilton, Araídes e Ailton;
-          DERALDINA DA SILVA DOURADO, décimo segundo filho, não se casou;
-          AUGUSTO DA SILVA DOURADO, décimo terceiro filho, casou-se com JOSEFINA ARAÚJO DOURADO e teve cinco filhos: Araci, Adauto, Cefas, Cecília e Jaci;
-          ALTINO DA SILVA DOURADO, décimo quarto filho, não se casou.
  Após o casamento acompanhado da esposa, sogros e cunhados foi morar em Angico, pertencente à Fazenda Lagoa Grande, próximo ao local posteriormente denominado de CANAL, onde desenvolvia a agricultura e a pecuária, esta em Lagoa Nova.
Tempos depois, subindo em uma árvore avistou o MORRO DO PREGO, simpatizando com a paisagem, resolveu abrir uma picada em direção ao Morro, acompanhada de escravos foi avançando, água e mantimentos vinham de 3 em 3 dias, até chegar ao local desejado, o interessante, à época não existia foice e facão, tudo era feito a machado e a água era armazenada em cocho de “barriguda”.
Certo dia um besouro “serrador” furou a madeira do cocho e um escravo notou que a água havia vasado toda e que passaria três dias para chegar nova carga. Foi dar conhecimento ao Coronel João Dourado, este lhe perguntou se suportaria três dias de sede e o escravo respondeu: “se o senhor agüenta eu também agüento”. Três dias depois chegou a água,
 O  Coronel encontrava-se deitado em uma rede debilitado pela sede, o escravo o acordou servindo a água, saciada da sede, o escravo pediu permissão ao          Coronel para bebê-la, coisa que acreditava, que até o momento, o negro já tivesse bebido, coisa que ficou muito contrariado, repetia sempre até os últimos dias de vida,  - Meu grande sentimento foi ter bebido a água antes do escravo.
Entre as rochas no local onde servia  de parada  obrigatória na rota do gado Goiás – Piauí-Bahia havia um canoão, obra da própria natureza, fendas serviam para acomodação de água, daí a origem do nome “CANAL”, que também motivou a construção de uma casa para a família para descansar e dar apoio a quem por ali transitava, O boiadeiro e grande fazendeiro Coronel Benjamim Nogueira, foi hóspede do Coronel João Dourado, homem católico devoto, por uma noite, falou-se sobre a palavra de DEUS, em palestra amena e simples, porém, ungida pelos ensinamentos bíblicos, revela sobre o plano da salvação, pedindo permissão para ler o Evangelho, recebendo autorização, antes, pediu que todas as filhas e filhos se afastassem para seus aposentos, a fim de não ouvir o que seria lido.
 Ao partir, o Coronel Benjamim, protestante, deixou um Novo Testamento, propondo ao amigo que lesse. O Coronel João Dourado aceitou lê-lo, mas também leria a Bíblia Sagrada verdadeira para fazer a sua analogia.
Assentou-se na sala grande e pôs-se a ler o livro sem interrupção, não saindo nem para as refeições, já que sua esposa as trazia. Queria estar pronto para discutir com o Coronel Benjamin. Após um bom estudo, partiu para Morro do Chapéu à procura do padre, a fim de que lhe emprestasse a Bíblia  verdadeira da igreja católica, pois, uma vez lido o livro protestante, queria fazer as comparações e provar ao homem seu erro. O padre replicou, alegando que não entenderia e o Cel. João retornou desanimado.
Visitando um advogado em Vila Nova da Rainha, hoje o Município de Senhor do Bonfim, durante a palestra, entrou alguém com um livro, solicitando ao advogado esclarecimento se a Bíblia protestante era igual  à católica, foi respondido simplesmente que sim. O homem pediu provas, o advogado disse que poderia trazer emprestada a usada pelo vigário e fariam a comparação. O Cel João Dourado, ficou curioso e não se afastou, ficando a esperar em silêncio o resultado, ouvindo daquele senhor o seu convencimento, que também servia para dirimir as dúvidas armazenadas com o Cel. João Dourado. A semente do Evangelho começou a germinar.
Conheceu protestante em Ponte Nova, hoje Wagner, quando destacamos a professora D. Damiana, excelente evangelizadora, convidando-a a ir lecionar em CANAL, aproveitando da oportunidade para falar para a família, amigos e vizinhas mensagens evangélicas durante todo o ano que lá passou.
Os cultos eram realizados na casa do Cel João Dourado e motivou a primeira visita de um Pastor Presbiteriano, o PIERRE CHAMBERLAIM, isto em 1903, produzindo bons e abundantes frutos, dando origem a IGREJA PRESBITERIANA, uma das mais antigas da Região, sendo o Coronel o verdadeiro pioneiro do Presbiteriano, e seu filho AUGUSTO e neto ADAUTO ARAÚJO DOURADO, destacaram-se nacionalmente tanto no púlpito quantos no trabalho pastorais, em especial no Estado de São Paulo.
Também estão  e estiveram nas hostes evangélicas: Rev. OTON GUANAES DOURADO, no Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, Rev. CELSO LOULA DOURADO, expert em Inglês, que foi ensinar a língua nos Estados Unidos da América, Advogado, permanentemente envolvido com o magistério e  gestão do ensino, no GINÁSIO AUGUSTO GALVÃO em Campo Formoso e COLÉGIO 2 DE JULHO em Salvador, que muito me apoiou na minha e de outros profissionais liberais, Brasil afora, fui seu aluno e me orgulho dele, o Rev. AILTON VILELA DOURADO, parceiro nas caçadas, usando a espingarda de socar, onde muitas das vezes, baleava a codorna e tínhamos que sair correndo e socando no carrego, mas sempre acompanhando onde estava a caça baleada, para não perdermos a viagem, o Rev. NILTON MOACYR NUNES LOULA, colega de sala e de internato em Campo Formoso e também no 2 de Julho, (apelidado de MALIGNO) ,“
 Ele, estudando lá, eu trabalhando como “Bedel” e me preparando em cursinho para Vestibular em vaga conseguida gratuitamente pelo ABIMAEL, irmão de Celso, um dos melhores amigos em toda a minha vida, nos períodos de férias saíamos à busca de namoradas em LAPÃO, de bicicleta, freqüentava a Igreja Presbiteriana em Lapão depois de fisgar alguma ficávamos a namorar na porta dos pais, o impressionante era tínhamos de ir de bicicleta para CANAL, muitas das vezes no escuro, chegando a ter furado o pneu de uma delas e termos de encher o pneu de malva para chegarmos, ainda tinha as bramuras que fazíamos no percurso, entrava nas roças que tinham melancia, milho verde, umbuzeiro, era muito divertido, aos chegarmos ou ia dormir na casa dele ou ele ia pra minha, tempo bom que não se vive hoje. Muitos outros estão nesta seara.
A família DOURADA sentia-se oprimida pelo Major Pedro Celestino, intendente em Morro do Chapéu, que retinha o poder de decisão de uma vasta região, trazendo, muitas vezes, prejuízos nas determinações feitas à distância.
Passou em CANAL  um boiadeiro procedente de Santa Rita, de nome Joaquim Miguel, que em conversa com João Dourado, sugeriu a compra das patentes, o que foi de imediato aceito. A compra das patentes custou cinco contos de réis, e foram agraciados com a condecoração de Coronel: Teotônio Marques Dourado, de América Dourada; Clemente da Silva Dourado, de Macambira; João da Silva Dourado, de Canal; Antônio Dourado, de Morro do Chapéu e Benigno Marques Dourado, de Rochedo, atual distrito do Município de Ibititá.
O Coronel Francisco Dias Coelho assumiu o comando político de Morro do Chapéu após a morte de Pedro Celestino. Homem muito educado, político hábil, em entendimento com os novos coronéis da família Dourado, passou a respeita-los em suas regiões. Quando chegava alguma mensagem enviada por políticos, pedindo apoio, a resposta só seguia de volta após serem consultados os demais coronéis, para que o mensageiro já voltasse com a decisão dos “coronéis do sertão”. O Coronel João Dourado, não tomava decisões sem antes consultar a todos os demais; o que muito fortificou as lideranças da região. O Cel. João Dourado sempre usava estas palavras quando reivindicava por Canal:   “Canal será uma grande cidade; vejo ao norte entrando uma grande avenida”.
Um ano antes de morrer, esperou sozinho, em sua casa, a chegada dos “Revoltosos”, quando todos correram amedrontados, sendo que o grupo sempre trazia vexames e prejuízos por onde passava. Precisavam de animais e alimentos para seguir pelo sertão, sendo prontamente atendidos pelo patriarca e seguiram em frente sem maiores transtornos.
Após a passagem dos revoltosos, o Coronel hospedou o Cel. Militão Coelho, que teve sua terra, localizada em Barra do Mendes, sitiada pelo Cel. Horácio de Matos, acompanhado por duzentos homens.
Com muita dignidade viveu até os últimos dias de vida, morrendo em 09 de julho de 1927, sendo enterrado na terra que desbravou com muito amor e encontra-se imortalizado nos corações daqueles que conheceram seus feitos. Muitos ainda falarão em seu nome até chegar um momento em que haverá uma junção do nome do progressista com a cidade em progresso, que leva seu nome.