ORIGEM DA FAMÍLIA DOURADO

Pouco se tem guardado da grande
história desta família “DOURADO”, que tanta contribuição deu e dar para o
progresso da região. São pessoas simples, mas, determinadas em suas atitudes,
originárias de nossos antepassados, marcantes nas idéias futuristas, muito
focadas na prole futura.
Tudo se encontra nos registros e
historias relatada pelos mais antigos, que nossos primórdios demandam do Século
XIX, quando a família real chegou ao Brasil, devido à invasão de Portugal por
Napoleão. Era rei D. João VI, que, ao
retornar a Portugal, deixou como Príncipe Regente, seu filho D.Pedro. Neste
período, passou a ser feita concessão de
terras brasileiras a estrangeiros, abrindo-se a imigração.
Em Jacobina, vivia uma mameluca,
cujo nome consta como, JOANA DA SILVA LEMOS, filha de pai português,
proprietária da exploração mineral naquela cidade, respeitada por todos e dona
de muitas terras. Parte da estrada colonial, por atravessar suas propriedades,
ficou conhecida como “Travessia de D. Joana”. Casou-se com o português MATEUS
NUNES DOURADO, nascendo deste matrimônio, JOSÉ DA SILVA DOURADO. A genealogia
da família evoluiu. Anos depois um neto do casal, JOÃO JOSÉ DA SILVA DOURADO,
adquiriu dos herdeiros do Conde da Ponte a Fazenda Lagoa Grande, pelo qual pagou
um conto e duzentos réis. Para obter esta quantia fora necessária a venda de
1.200 cabeças de bois, uma carga de burros carregada de prata e outra de ouro.
Para legalização da escritura foram vendidos sessenta bois. João José saiu de
Macaúbas montado no lombo de burro, local onde lavrou a escritura e rumou para
Jacobina, onde acharia efetuar o devido registro em cartório de imóveis, lá chegando obteve informação da
existência do referido cartório em Riachão de Utinga, onde efetuou o registro,
constando na escritura a área comprada de vinte léguas quadradas, limitando-se
com o Rio Vereda, Serra Azul, Travessia de D. Joana e o Rio Verde. Foi dado
nome à Fazenda de AMÉRICA DOURADA, numa homenagem ao seu sobrenome e ao
continente, espirituosamente dizia ter descoberto a América.
Grande foi a expansão dos
descendentes de JOÃO JOSE DA SILVA DOURADO, pelo Brasil afora. Há um número
cada vez maior espalhado, principalmente, por São Paulo, Goiás e Brasília.
Muitos deles se destacaram na política, no comércio, nas artes, na literatura,
nas profissões liberais, no magistério, na magistratura, na carreira limitar,
na liderança religiosa, numa palavra, em todos os setores da vida social –
pode-se afirmar sem exageros – que será demonstrado em capítulo próprio em “
Destaques da Família Dourado”.
Em 1878, na Fazenda São João, no
Município de Macaúbas, hoje PARAMIRIM, foi realizada a cerimônia de casamento
entre o então Coronel JOÃO DOURADO, meu bisavô e GERALDINA BRANDELINA DA SILVA
DOURADO, ela, filha de um tio e padrinho do noivo, homem muito rico na região,
BENTO DA SILVA DOURADO e D. MARIA CARDOSO PEREIRA. Ele, primeiro filho de JOÃO
DA SILVA DOURADO e D. CAROLINA CARDOSO PEREIRA e pai de quatorze filhos:
-
IDALINA DA SILVA DOURADO, primeira filha, casou-se com
LINDOLFO CARDOSO DOURADO e teve quinze filhos: ONÉLIA, HENDERLAITH, AUGUSTO,
EDITE, WILSON, CEFAS, ERMELINA, JOÃO, ROSALVO, FRANCISCO e VILSON;
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MARIA ROSA DA SILVA DOURADO, segunda filha , casou-se
com ANTÔNIO NUNES DOURADO e teve dez filhos: Teonília, Daniel, Antônio Filho,
Deraldina, Belarmina, Antônia, Ana, Idalina, Geraldina e Adolfo.
-
DAMIANA DA SILVA DOURADO, em homenagem à primeira
professora Damiana, vinda de Ponte Nova, terceira filha, casou-se com ANTÔNIO
NUNES DOURADO e teve seis filhos: Celsina, João, Olavo, Adailton, Carlos Aroldo
e Ildemar;
-
SINÉZIO DA SILVA
DOURADO, quarto filho, casou-se com ANA OLIVEIRA DOURADO e teve onze filhos:
Moisés, João, Helenita, Janira, Jamim,
Florizi, Valdenir, Noemi, Geraldina, Isabel e Evani;
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ADOLFO DA SILVA DOURADO, quinto filho, casou-se com
MARIA LOULA DOURADO e teve doze filhos: Áurea, Adomária, Quenas, Vanderlei,
Nilton, Jaci, Geni, Elizabete, Maria Rosa, Celso, Gildésio e Araci;
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ANA GERALDINA SILVA DOURADO, sexto filho, casou-se com
JOAQUIM AUGUSTO DE CASTRO DOURADO, teve sete filhos: Filadelfo, (foi pra São
Paulo), Alberto, Enéias, Altino, Benjamim, Isaque e Matatias;
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CAROLINA DA SILVA DOURADO, sétimo filho, casou-se com
PEDRO PEREIRA DA SILVA e teve apenas um filho, Elias;
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RENÉRIO DA SILVA DOURADO, oitavo filho. Casou-se com
ANA FLORA DE CASTRO DOURADO e teve oito filhos: Isaías, Augusto Sobrinho,
Adonias, Carolina, Hilda, Idália, Ana Joaquina e Silas;
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ANTÔNIA DA SILVA DOURADO, nono filho, casou-se com JOSÈ
COSTA DOURADO FILHO e teve seis filhos: Celina, Florentina, Durval, Antônio,
Amélia e Geraldina;
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JOÃO DA SILVA DOURADO FILHO, décimo filho, casou-se com
BELARMINA SEIXAS DOURADO e teve seis filhos: Adauto,Clodoaldo, Gessy, Maria
Amélia, Adélia e Eunice;
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ELIZABETE DA SILVA DOURADO, décimo primeiro filho,
casou-se com JOSUÉ LOULA SOBRINHO e teve seis filhos: Adjaci, Avoni, Agaci,
Adilton, Araídes e Ailton;
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DERALDINA DA SILVA DOURADO, décimo segundo filho, não
se casou;
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AUGUSTO DA SILVA DOURADO, décimo terceiro filho,
casou-se com JOSEFINA ARAÚJO DOURADO e teve cinco filhos: Araci, Adauto, Cefas,
Cecília e Jaci;
-
ALTINO DA SILVA DOURADO, décimo quarto filho, não se
casou.
Após o casamento acompanhado da esposa, sogros e cunhados foi morar em
Angico, pertencente à Fazenda Lagoa Grande, próximo ao local posteriormente denominado
de CANAL, onde desenvolvia a agricultura e a pecuária, esta em Lagoa Nova.
Tempos depois, subindo em uma
árvore avistou o MORRO DO PREGO, simpatizando com a paisagem, resolveu abrir
uma picada em direção ao Morro, acompanhada de escravos foi avançando, água e
mantimentos vinham de 3 em 3 dias, até chegar ao local desejado, o
interessante, à época não existia foice e facão, tudo era feito a machado e a
água era armazenada em cocho de “barriguda”.
Certo dia um besouro “serrador”
furou a madeira do cocho e um escravo notou que a água havia vasado toda e que
passaria três dias para chegar nova carga. Foi dar conhecimento ao Coronel João
Dourado, este lhe perguntou se suportaria três dias de sede e o escravo
respondeu: “se o senhor agüenta eu também agüento”. Três dias depois chegou a
água,
O
Coronel encontrava-se deitado em uma rede debilitado pela sede, o
escravo o acordou servindo a água, saciada da sede, o escravo pediu permissão
ao Coronel para bebê-la, coisa
que acreditava, que até o momento, o negro já tivesse bebido, coisa que ficou
muito contrariado, repetia sempre até os últimos dias de vida, - Meu grande sentimento foi ter bebido a água
antes do escravo.
Entre as rochas no local onde
servia de parada obrigatória na rota do gado Goiás –
Piauí-Bahia havia um canoão, obra da própria natureza, fendas serviam para
acomodação de água, daí a origem do nome “CANAL”, que também motivou a
construção de uma casa para a família para descansar e dar apoio a quem por ali
transitava, O boiadeiro e grande fazendeiro Coronel Benjamim Nogueira, foi
hóspede do Coronel João Dourado, homem católico devoto, por uma noite, falou-se
sobre a palavra de DEUS, em palestra amena e simples, porém, ungida pelos
ensinamentos bíblicos, revela sobre o plano da salvação, pedindo permissão para
ler o Evangelho, recebendo autorização, antes, pediu que todas as filhas e
filhos se afastassem para seus aposentos, a fim de não ouvir o que seria lido.
Ao partir, o Coronel Benjamim, protestante,
deixou um Novo Testamento, propondo ao amigo que lesse. O Coronel João Dourado
aceitou lê-lo, mas também leria a Bíblia Sagrada verdadeira para fazer a sua
analogia.
Assentou-se na sala grande e
pôs-se a ler o livro sem interrupção, não saindo nem para as refeições, já que
sua esposa as trazia. Queria estar pronto para discutir com o Coronel Benjamin.
Após um bom estudo, partiu para Morro do Chapéu à procura do padre, a fim de
que lhe emprestasse a Bíblia verdadeira
da igreja católica, pois, uma vez lido o livro protestante, queria fazer as
comparações e provar ao homem seu erro. O padre replicou, alegando que não
entenderia e o Cel. João retornou desanimado.
Visitando um advogado em Vila
Nova da Rainha, hoje o Município de Senhor do Bonfim, durante a palestra,
entrou alguém com um livro, solicitando ao advogado esclarecimento se a Bíblia
protestante era igual à católica, foi
respondido simplesmente que sim. O homem pediu provas, o advogado disse que
poderia trazer emprestada a usada pelo vigário e fariam a comparação. O Cel
João Dourado, ficou curioso e não se afastou, ficando a esperar em silêncio o
resultado, ouvindo daquele senhor o seu convencimento, que também servia para
dirimir as dúvidas armazenadas com o Cel. João Dourado. A semente do Evangelho
começou a germinar.
Conheceu protestante em Ponte
Nova, hoje Wagner, quando destacamos a professora D. Damiana, excelente
evangelizadora, convidando-a a ir lecionar em CANAL, aproveitando da
oportunidade para falar para a família, amigos e vizinhas mensagens evangélicas
durante todo o ano que lá passou.
Os cultos eram realizados na casa
do Cel João Dourado e motivou a primeira visita de um Pastor Presbiteriano, o
PIERRE CHAMBERLAIM, isto em 1903, produzindo bons e abundantes frutos, dando
origem a IGREJA PRESBITERIANA, uma das mais antigas da Região, sendo o Coronel
o verdadeiro pioneiro do Presbiteriano, e seu filho AUGUSTO e neto ADAUTO
ARAÚJO DOURADO, destacaram-se nacionalmente tanto no púlpito quantos no
trabalho pastorais, em especial no Estado de São Paulo.
Também estão e estiveram nas hostes evangélicas: Rev. OTON
GUANAES DOURADO, no Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, Rev. CELSO
LOULA DOURADO, expert em Inglês, que foi ensinar a língua nos Estados Unidos da
América, Advogado, permanentemente envolvido com o magistério e gestão do ensino, no GINÁSIO AUGUSTO GALVÃO
em Campo Formoso e COLÉGIO 2 DE JULHO em Salvador, que muito me apoiou na minha
e de outros profissionais liberais, Brasil afora, fui seu aluno e me orgulho
dele, o Rev. AILTON VILELA DOURADO, parceiro nas caçadas, usando a espingarda
de socar, onde muitas das vezes, baleava a codorna e tínhamos que sair correndo
e socando no carrego, mas sempre acompanhando onde estava a caça baleada, para
não perdermos a viagem, o Rev. NILTON MOACYR NUNES LOULA, colega de sala e de
internato em Campo Formoso e também no 2 de Julho, (apelidado de MALIGNO) ,“
Ele, estudando lá, eu trabalhando como “Bedel”
e me preparando em cursinho para Vestibular em vaga conseguida gratuitamente
pelo ABIMAEL, irmão de Celso, um dos melhores amigos em toda a minha vida, nos
períodos de férias saíamos à busca de namoradas em LAPÃO, de bicicleta,
freqüentava a Igreja Presbiteriana em Lapão depois de fisgar alguma ficávamos a
namorar na porta dos pais, o impressionante era tínhamos de ir de bicicleta
para CANAL, muitas das vezes no escuro, chegando a ter furado o pneu de uma
delas e termos de encher o pneu de malva para chegarmos, ainda tinha as
bramuras que fazíamos no percurso, entrava nas roças que tinham melancia, milho
verde, umbuzeiro, era muito divertido, aos chegarmos ou ia dormir na casa dele
ou ele ia pra minha, tempo bom que não se vive hoje. Muitos outros estão nesta
seara.
A família DOURADA sentia-se
oprimida pelo Major Pedro Celestino, intendente em Morro do Chapéu, que retinha
o poder de decisão de uma vasta região, trazendo, muitas vezes, prejuízos nas
determinações feitas à distância.
Passou em CANAL um boiadeiro procedente de Santa Rita, de
nome Joaquim Miguel, que em conversa com João Dourado, sugeriu a compra das
patentes, o que foi de imediato aceito. A compra das patentes custou cinco
contos de réis, e foram agraciados com a condecoração de Coronel: Teotônio
Marques Dourado, de América Dourada; Clemente da Silva Dourado, de Macambira;
João da Silva Dourado, de Canal; Antônio Dourado, de Morro do Chapéu e Benigno
Marques Dourado, de Rochedo, atual distrito do Município de Ibititá.
O Coronel Francisco Dias Coelho
assumiu o comando político de Morro do Chapéu após a morte de Pedro Celestino.
Homem muito educado, político hábil, em entendimento com os novos coronéis da
família Dourado, passou a respeita-los em suas regiões. Quando chegava alguma
mensagem enviada por políticos, pedindo apoio, a resposta só seguia de volta
após serem consultados os demais coronéis, para que o mensageiro já voltasse
com a decisão dos “coronéis do sertão”. O Coronel João Dourado, não tomava
decisões sem antes consultar a todos os demais; o que muito fortificou as
lideranças da região. O Cel. João Dourado sempre usava estas palavras quando
reivindicava por Canal: “Canal será uma
grande cidade; vejo ao norte entrando uma grande avenida”.
Um ano antes de morrer, esperou
sozinho, em sua casa, a chegada dos “Revoltosos”, quando todos correram
amedrontados, sendo que o grupo sempre trazia vexames e prejuízos por onde
passava. Precisavam de animais e alimentos para seguir pelo sertão, sendo
prontamente atendidos pelo patriarca e seguiram em frente sem maiores
transtornos.
Após a passagem dos revoltosos, o
Coronel hospedou o Cel. Militão Coelho, que teve sua terra, localizada em Barra
do Mendes, sitiada pelo Cel. Horácio de Matos, acompanhado por duzentos homens.
Com muita dignidade viveu até os
últimos dias de vida, morrendo em 09 de julho de 1927, sendo enterrado na terra
que desbravou com muito amor e encontra-se imortalizado nos corações daqueles
que conheceram seus feitos. Muitos ainda falarão em seu nome até chegar um
momento em que haverá uma junção do nome do progressista com a cidade em
progresso, que leva seu nome.